Não é de hoje que batalho constantemente contra um perfeccionismo paralisante. Já são cinco anos de terapia (e contando) em busca de respostas e soluções. Minha primeira tentativa real de alcançar meu objetivo foi, na melhor das hipóteses, atrapalhada. Como a ideia de planejar alguma coisa me paralisava, decidi fazer o oposto e só meio que “segui o fluxo”.
Em dezembro de 2023, expressei pela primeira vez a minha vontade de me tornar o que eu chamei de criadora independente, e em janeiro deste ano (2025), meu corpo reclamou de eu não estar fazendo muita coisa a respeito. Desde então, tenho procurado uma forma de alcançar esse objetivo. Por mais atrapalhada que a primeira tentativa tenha sido, preciso me dar o crédito de efetivamente ter feito alguma coisa. Foi o que me deu o gás para começar a pensar em algo realmente estruturado.
Simon Sinek diz que devemos começar a nossa marca pelo porquê. Mas ele sempre falou de um porque muito focado em comunidade, algo que nunca ressoou muito comigo. Se você nunca teve depressão, talvez não tenha passado por isso, mas algo que me ajudou muito com a minha saúde mental foi entender que antes da comunidade, você precisa ser você por inteiro. Você precisa fazer as coisas primeiro por si mesmo, para depois querer ajudar alguém. E por um bom tempo essas duas informações batalharam muito dentro de mim: os gurus dizendo para você ter foco na comunidade, minha terapeuta e minha saúde me dizendo que eu precisava fazer as coisas por mim mesma.
Encontrando um ‘Porquê’ Egoísta (e Tudo Bem com Isso)
Aí esses dias, algo deu um clique pra mim – talvez essas pessoas que pregam fazer as coisas pela comunidade não estejam sendo 100% honestas. Não que elas não queiram ajudar a comunidade, mas existe algo nesse processo de ajudar a comunidade que é infinitamente prazeroso para essas pessoas (e isso elas não dizem). Foi a partir daí que eu escrevi meu manifesto.
Quando (se?) você ler meu manifesto, vai perceber um tom um pouco mais agressivo que meu tom normal. Vamos dizer que eu estava um pouco emotiva quando eu escrevi ele e, nas edições subsequentes, eu decidi manter esse tom pela autenticidade. Até porque foi a partir desse manifesto que tudo o que você está vendo hoje tomou vida. Foi a partir do meu manifesto que eu entendi o meu verdadeiro porquê. Porque estou aqui, porque quero criar uma marca pessoal. Quero fazer isso para criar. Porque criar é a maior alegria que eu tenho. O que nasce a partir disso é secundário. Essa realização me deu uma força que eu nem sabia que tinha.
E a partir daí, convencida a ter meu próprio discurso focado nesse meu porque um tanto não convencional, que a minha marca, a minha persona pública, vamos colocar assim, começou a florescer em uma velocidade impressionante.
Uma das coisas que me impulsionou muito foi achar os vídeos da Kelsey Rodriguez. Foi uma das primeiras pessoas que eu vi falando sobre arte de uma forma mais empreendedora. Tratando a arte como um negócio. Eu como “criadora independente” tive que adaptar muito do que uma artista plástica como ela estava me dizendo, mas a abordagem dela da “Jornada como Nicho” foi o que fez toda a diferença para mim.
E se a história que eu contar… for a minha própria? Eu, como uma apaixonada por storytelling, não pude deixar de me apaixonar pela ideia de utilizar storytelling na minha própria vida. Foi daqui que surgiu a minha proposta de valor. Não era mais algo congelado como “sou uma escritora”. Era algo fluido, como eu sempre quis que fosse: em busca pela felicidade criativa – a minha história de criação para você tirar suas próprias conclusões e ensinamentos. Achei simplesmente brilhante.
E aí fui um pouco mais além, perguntando para o Gemini sobre outras pessoas que também falam sobre essa ideia de jornada como nicho e me surpreendi ao ver um nome muito familiar para mim, uma referência que tinha deixado na prateleira: Austin Kleon. Ele já vai falar da Jornada como Nicho de outra forma – “Mostre o seu Trabalho”. E, se o método antes não estava ressoando completamente, agora fazia todo o sentido para mim. Foi o estalo que eu precisava: é isso! É isso que eu preciso fazer.
A Rejeição ao Perfeccionismo como Pilar da Marca
A coisa mais interessante que os dois vão falar nos seus materiais é sobre a exaltação do progresso. A Kelsey tem um jeito mais otimista de ver as coisas e vai falar sobre a possibilidade de a comunidade se interessar por você como pessoa. Não ressoa muito com a pessoa pessimista-depressiva que eu posso ser. O que o Austin fala me faz um pouco mais de sentido, pois ele vai falar muito mais sobre compartilhar ser uma parte do processo criativo e como se expor cedo é uma ótima estratégia para se tornar conhecido.
Independente disso, nas duas hipóteses, você vai estar trabalhando muito com coisas “semi-prontas”. Na ideia da Jornada como Nicho, nada nunca está acabado. O produto final (o livro, o quadro, ou outro tipo de criação) é só mais uma parte do processo. Não só isso, mas o bom storyteller sabe que o bom personagem é aquele cheio de falhas.
Quando eu vi, minha marca estava aos poucos se construindo para ser uma rejeição ao perfeccionismo, focando no processo, na humanidade. Algo que vai de encontro com uma das minhas maiores dificuldades. De repente eu vi minha marca praticamente me ajudando a ser quem eu estava almejando. Isso só me deixou mais animada e a característica de rejeição do perfeccionismo foi vazando cada vez mais.
De repente, o meu discurso que às vezes me soa emotivo demais, honesto demais, depressivo demais, começou a ser a minha característica. A falta de edição começou a ser o charme. Foi aí que decidi aceitar a minha posição quase agressiva de que todos somos anônimos na internet, e que provavelmente você é só um número de visualização para mim – mas eu não quero que a nossa relação seja só essa.
De Anônimos a Nomeados: Como Quero Construir Nossa Relação
Provavelmente eu estou em uma fase um pouco raivosa, de rejeição de conexões humanas por uma crescente decepção em tentar criá-las. Aqui eu vou ter que culpar o autismo e as altas habilidades, porque hoje eu posso dar um nome para isso. Minha falta de tato por causa do autismo, em conjunto com a minha intensidade por causa das altas habilidades me tornou o que as pessoas chamam de “difícil de lidar”. Isso fez com que eu não conseguisse manter nenhum tipo de conexão com pessoas que não tivessem algum tipo de obrigação comigo (família). Com o passar do tempo (e muita terapia), eu consegui me ver como uma pessoa suficiente. Eu sou uma boa companhia para mim mesma. Por causa de tudo isso, eu não quero me forçar a agradar ninguém. Eu quero que você esteja aqui porque você quer. Porque, por mais incômodo que seja essa aparente falta de tato que eu tenho, o que eu digo é interessante e ressoa com você. Resumindo, quero conexões verdadeiras e honestas.
Unindo isso à realidade de precisar de uma comunidade que queira consumir meu conteúdo, eu decidi criar o que eu chamei de “Nomeados”. Basicamente é uma lista de e-mails e nomes de pessoas que eu sei que tem um interesse genuíno pelo que eu produzo. Esse é o primeiro passo que você pode dar para criar uma conexão verdadeira e honesta comigo. Dizer: “eu me interesso, e esse é o meu nome”. Por isso “nomeados”, entendeu? Essa foi outra coisa que eu decidi aceitar em mim. A minha vontade estranha de colocar nomes diferentes nas coisas. De organizar, nomear, rotular. Posso estar rejeitando o perfeccionismo, mas nunca falei que ia rejeitar estrutura e organização.
A Estrutura do Conteúdo: Podcast, Blog e o Processo de Criação
Então é aqui que entra a última coisa que eu queria falar, que é a estrutura que meu conteúdo vai tomar. Depois de muito considerar, eu decidi fazer uma espécie de super combo. Sim, eu amo escrever, e provavelmente todos os conteúdos que eu quero falar a respeito vão ter um blog post do tamanho deste aqui ou maior, falando em muitos detalhes sobre os assuntos que eu quero abordar. Mas eu também sei que isso aqui é demais para a maioria das pessoas, ou pelo menos para quem ainda não está engajado o suficiente com o meu conteúdo.
Eu tenho um soft spot por podcasts, por algum motivo que eu ainda não sei muito bem nomear. Mas eu acho um formato brilhante para apresentar conteúdos complexos de forma leve e bem humorada, que é o que eu pretendo fazer no meu. Também é um ótimo jeito de levar as pessoas a se interessarem por um conteúdo e irem atrás de uma informação mais completa, que seria, então, o meu blog post. Achei que funcionaria muito bem dessa forma.
Então, a partir de hoje, estou lançando o meu podcast quinzenal, “M de Maria”, com uma estrutura de temporadas. A ideia é escolher um tema, e falar sobre ele por alguns episódios e blog posts. Achei que foi a estrutura mais flexível que eu poderia criar, com o adendo de que posso fazer interlúdios, pequenas pausas durante uma temporada, para falar sobre algum tópico específico que fizer sentido na semana.
Para ajudar, defini que episódios com temporada vão ser identificados com T00 (substituindo o 00 pelo número da temporada) e os interlúdios vão ser identificados com um INT na frente. Assim, você vai poder ignorar os interlúdios se quiser.
A parte estruturada é isso aí, algo que você pode esperar uma certa consistência. O que eu ainda não defini completamente é sobre o meu processo de criação. Ainda não tenho muita certeza como essa coisa de compartilhar o meu trabalho vai funcionar. Tenho várias possíveis hipóteses, mas como ando muito focada em criar esse espaço, não consigo pensar como ficaria o desenvolvimento de uma história, por exemplo, dentro dessa nova dinâmica. Por enquanto, o que eu vou tentar fazer é compartilhar nas redes sociais um pequeno trecho do meu dia, seguindo a dica do Austin Kleon: “compartilhe um pouco todos os dias”. Pretendo também compartilhar algo um pouco mais elaborado nas minhas newsletters, que somente os Nomeados vão receber.
Se meu processo de criação começar a funcionar e eu efetivamente começar a produzir coisas que valem a pena compartilhar, já pode se preparar para ver essas coisas nos sábados entre os episódios de podcast. Assim a promessa seria lançar algum conteúdo mais extenso todo sábado, mas ir atualizando vocês aos pouquinhos nas minhas redes sociais.
O próximo passo
Beleza! Se você chegou até aqui, parabéns, por que se eu escrevendo achei o post comprido, imagine você que está lendo. Depois de tudo isso que eu falei, nada mais justo do que dar spoiler do futuro, não é?
E eu achei simplesmente genial fazer uma temporada sobre o Austin Kleon e os livros dele. Quero falar um pouco sobre o que ele prega e o que a gente precisa pensar e considerar das coisas que ele fala – pelo menos no meu ponto de vista.
Se esse parece um assunto interessante para você, não se esqueça de se inscrever na lista dos Nomeados, para receber as atualizações dessa temporada direto na sua caixa de entrada.
Muito obrigada pelo tempo que você passou por aqui e até a próxima!
Sinceramente,
Maria.

