Sobre um novo capítulo

Eu gosto muito da metáfora de “novo capítulo” para a vida. Ela engloba um pouco de tudo: virar a página, colocar um ponto final, começar de novo. Implica que sua vida é um livro, começando com seu nascimento e terminando com a sua morte, e que tudo entre os dois são capítulos que começam e se encerram.

Pois bem, o capítulo da minha vida intitulado “gravidez” terminou, dando início ao novo grande capítulo chamado maternidade. O mais interessante para mim foi perceber que ser mãe mexe com o seu eu por inteiro. Existe uma certa liberdade em ser responsável por uma nova vida. Coisas que antes pareciam importantes deixam de ser. Tudo fica mais vívido e real. Você se torna mais autêntica, só porque você não tem mais energia para se filtrar.

Nesse abalo sísmico que é a maternidade, você procura uma âncora, uma base… Para mim, foi voltar às raízes para me manter sã. Então aqui estou eu de novo, me esforçando para retornar os hábitos que um dia já fizeram tão bem para mim.

Quero tentar iniciar um novo capítulo agora: criadora independente. Com a maternidade me vieram mais ideias, mais vontades. Meus filtros – desligados. Tenho só que agradecer. Nesse novo capítulo, quero abandonar tudo aquilo que me faz mal: o perfeccionismo, o medo, o fracasso. Que comece aqui um capítulo de troca de experiências, comunidade e projetos diferenciados. Quero parar de tentar seguir uma regra: me interessa programação, escrita, produtividade e saúde mental. Quero falar de tudo isso aqui. Quero levantar a voz e advogar sobre neurodiversidade. Quero falar de maternidade – típica e atípica. Quero explorar tecnologias e escrever livros.

Quero dar à minha filha uma educação de exemplo. Quero que ela aprenda a enfrentar os medos, a nunca desistir e ir atrás dos seus objetivos. Quero poder dizer para ela, quando inevitavelmente ela falhar: você consegue. Só vou conseguir fazer tudo isso por ela, se eu aprender a fazer isso por mim mesma.

Citando um colega, primeiro nós colocamos a máscara de oxigênio em nós mesmos, para depois colocar em nossos filhos. Sim, a maternidade está me ensinado que cuidar de mim é cuidar da minha filha. Fazer um grande gesto não se compara aos pequenos gestos por muitos anos. Consistência. Consistência parece que é a chave de tudo, ao mesmo tempo que é uma das coisas mais difíceis de manter.

 Eu quero criar a consistência de investir um tempo em mim mesma. Quero parar de sentir que nada é o suficiente. Quero aproveitar a paz. Espero que esse novo capítulo me traga isso: entender que a consistência vale muito mais do que um burst randomizado de energia a cada ano. Vou dizer: eu sinto saudades de mim mesma. Da eu que criava aleatoriamente diversas coisas. Da eu que explorava coisas diferentes, da eu que criava.

Quero começar esse novo capítulo como Criadora Independente.

E quero compartilhar tudo isso com você, lendo esse post, por diversos motivos. Primeiro porque sonho que um dia isso possa ser uma profissão. Não sei ainda como tudo isso poderia me dar dinheiro, mas tudo é um processo. Segundo, porque quero tentar compartilhar coisas interessantes com quem tem curiosidade. Não sei até que ponto o que eu escrevo aqui vai atiçar sua curiosidade, mas posso sempre tentar. Terceiro, porque acredito que a gente cria coisas para serem usadas/lidas/apreciadas. Logo preciso compartilhar o que crio, para que alguém como você possa continuar a dar vida àquilo que criei.

Mas preciso confessar que não parece fácil. Um dia escrever já foi uma segunda natureza. Faz muito tempo que não é. Um tópico que com certeza vou querer explorar aqui no blog um pouco mais para frente. Mas por hoje, era só isso que queria dizer. Aqui começa o meu novo capítulo: Criadora Independente.

0 0 votos
Classificação
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários

Torne-se um leitor!

Continuar navegando...

Neurodivergência e Saúde Mental

Você tem preconceito sobre saúde mental?

Você tem preconceito sobre saúde mental? Eu também tive e isso me fez sofrer. Durante anos, escondi minhas angústias, acreditando que deveria ser forte. Quando não lidamos com nossos problemas,

Leia o texto
Entre Mundos e Metáforas

Sobre a Arte de ser você mesmo

Você já se perguntou quem realmente é? A palestra de Caroline McHugh, “A arte de ser você mesmo”, nos convida a explorar a identidade e a importância de sermos autênticos.

Leia o texto
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x